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Policiais vão para guerra, choram, morrem… mas a sociedade não se indigna

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|Por Toni Duarte| RADAR-DF

Felipe Brasileiro, 34 anos, foi atingido no peito com um tiro de fuzil no Alemão na quarta-feira. Ele morreu neste domingo (22). Leandro de Oliveira, 39 anos, morreu após ser atingido também com um tiro de fuzil em Benfica neste sábado (21). Eles fazem parte de uma lista de seis mortos dos últimos sete dias e completam o total de 45 policiais militares mortos no Rio de Janeiro este ano.

As ações dos criminosos que matam, cobram impostos e recrutam centenas de jovens para o crime nas regiões mais pobres do Rio de Janeiro, não enchem de indignação setores da sociedade que normalmente reagem contra a Polícia quando em meio a um confronto e uma vida inocente é atingida por uma bala perdida.

Foi o que aconteceu com a pequena Ágatha Vitória Sales Félix, de 8 anos, morta com um tiro nas costas dentro de uma kombi no Conjunto de Favelas do Alemão , enterrada na tarde deste domingo (22) sob protesto e comoção.

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O caso Ágatha ganhou visibilidade nacional por meio da imprensa onde setores pedem punição aos policiais supostos autores do disparo que matou a menina. Os policiais militares que estavam na ação sofrerão a sua primeira punição: entregar as armas que usavam e ficar de fora das ruas.

A profissão do policial militar, cuja missão é defender a sociedade, tornou-se no Brasil uma profissão ingrata e sem reconhecimento algum.

A morte de Ágatha fez o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) sugerir que o policial tem que ser punido, mesmo que na guerra insana contra traficantes, alguém morra de bala perdida.

Maia disse que o caso Ágatha reforça a necessidade de “uma avaliação no pacote anticrime do ministro Sérgio Moro”.

A proposta busca alterar o artigo do Código Penal, que aborda as causas de exclusão de ilicitude (estado de necessidade, legítima defesa e estrito cumprimento do dever legal ou exercício regular de direito), e o artigo de legítima defesa.

A proposta prevê ainda que o juiz possa reduzir a pena até à metade ou deixar de aplicá-la se o excesso do agente público ocorrer por “escusável medo, surpresa ou violenta emoção”.

No ano passado a família militar do Rio enterrou 95 policiais abatidos na guerra das favelas dominadas pelo crime.

O último da lista de 2018 foi o soldado Diego Mota Domingues, de 32 anos, pai de dois filhos lotado no 4º Batalhão. O militar foi surpreendido por dois homens em uma motocicleta, na véspera do Natal quando saia de casa para mais um dia de trabalho.

Neste mesmo domingo em que foi enterrada a pequena Agatha, também foram enterrados dois policiais militares do Rio de Janeiro.

Felipe Brasileiro, 34 anos e Leandro de Oliveira, 39 anos não morreram de balas perdidas. Eles foram alvos dos tiros certeiros dos fuzis engatilhados por criminosos que dominam as regiões mais populosas e mais pobres do Rio.

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No velório dos policiais mortos a comoção ficou restrita apenas aos seus familiares e amigos da corporação. Não houve protesto, apenas um registro tímido no Jornal Nacional.

O menosprezo da sociedade foi assim com os últimos 45 policiais mortos neste ano de 2019 até esta segunda-feira (23) no Rio de Janeiro.

Ninguém se comove com as suas tragédias. Treinados para não revelarem suas próprias dores, policiais militares enfrentam números explosivos de problemas.

Parece que o trabalho desses guerreiros se limita a morrer pela sociedade, seja por meio do confronto com os bandidos ou pelo suicídio.

Em cortejos isolados ignorados pela sociedade eles se vão sob o toque de silencio da corneta  e da dor de suas famílias.

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